Entrevista Di Moretti: E-Pipoca

 

1. Di, em dois anos, dois filmes sobre o Corinthias. Haja criatividade, heim? Ok, é só uma provocação de um anti-corintiano! Mas falando sério, explique como se dá o conceito na construção de um roteiro para um documentário como o de “4X Timão”? Havia um ou as ideias foram surgindo durante a pesquisa de informações?

– Petru querido, ser corinthiano é ser criativo, afinal passamos 23 anos em jejum de títulos e nossa torcida cresceu exponencialmente, haja paixão e criatividade!!! Falando sério, a ideia deste filme era resumir em hora e meia as 4 conquistas dos títulos brasileiros pelo Corinthians. Como sou roteirsta de origem e fé confessa, queria contar uma história não só desportiva, com jogos e gols, isso qualquer SportTv ou BandSports fariam com mais competência do que eu. Na verdade, queria um enredo que mostrasse o lado humano destas vitórias, por isso tive a ideia de “ilustrar” cada campeonato com a figura de um jogador representativo em cada um destes anos retratados (1990, 1998, 1999 e 2005). Como faço no meu trabalho de roteirista de cinema, tento sempre pesquisar, cavocar, prospectar o veio “fator humano” nas histórias e principlamente nos personagens. Nesta viagem, encontrei 4 jogadores de futebol dignos de serem protagonistas de boas histórias, homens e atletas profundamente ricos, emocionantes e multifacetados. São 4 jogadores de origens, personalidades e caracteristicas diferentes e cada um a seu jeito conquistou o coração da torcida corintiana para sempre com estes títulos.
2. O Brasil tem produzido excelentes documentários, mas que infelizmente não repercutem tanto na mídia e muito menos conseguem atrair o público. O que há de errado?

– São alguns motivos, o primeiro deles é aquele que afeta o cinema de ficção também, exibição e distribuição, famosos nós gordios da cadeia produtiva do cinema nacional. Se o dito cinema comercial sofre para ser lançado e ser visto, os documentários penam muito mais para conquistarem estes espaços. Deveria ser diferente, já que temos um dos melhores e maiores festivais de documentários do planeta, o “É Tudo Verdade”, do Amir Labaki. Outro fator é a pecha, absolutamente injustificada, de que os documentários são obras modorrentas, planas, chatas… Quando escrevi meu 1.º roteiro, “O Velho – A História de Luiz Carlos Prestes”, em 1996, existia um verdadeiro preconceito ao gênero, talvez herança maldita que nos deixaram alguns filmes oficialescos que eram verdadeiras apologias ao mau gosto, press releases de obras e eventos sociais… Ou seja, acho que a excelente produção de documentários brasileiros vai galgar e conquistar seu espaço, cedo ou tarde, mas vai ser um processo lento e gradual, aliás como acontece no exterior também, fora do escopo da TV você não tem um grande documentário internacional campeão de bilheteria.
3. É curioso o fato de que o futebol é o esporte nacional, mas filmes sobre o tema não fazem tanto sucesso de público. Levando em conta que o Corinthias tem a mair torcida do país, qual sua expectativa pela carreira de “4X Timão”?

– Este projeto do qual participei tinha uma proposta principal voltada ao lançamento em DVDs, foram 3 filmes distribuidos pela divisão Home Entertainment da FOX, nada a ver com seu braço cinematográfico. As exibições em salas de cinema foram pontuais, apenas para criarem expectitiva para o lançamento em DVD, tanto que as sessões eram realizadas num único horário e num número restrito de salas. Já, segundo dados do marketing da Fox, os 2 filmes do Corinthians lançados até agora (“23 anos em 7 segundos” e “Todo Poderoso – o filme”) ficaram entre as 5 DVDs mais vendidos de seus respectivos anos (2009 e 2010), fenômenos de vendas. Óbvio, estamos falando de um nicho especifico de mercado, de objetivos claros e pontuais, mas que tem capitalizado grande sucesso. No caso do “4 X Timão”, tenho a mesma expectativa, um público massivamente composto de fiéis corintianos, mas também de admiradores do futebol e de boas histórias.
4. Conte como surgiu a paixão pela escrita e especificamente pela arte de escrever histórias para cinema.

– Desde sempre quis fazer cinema e digo sem errar e sem ferir os brios de meus pais que o cinema me criou, me educou como homem e profissional. Eu só não sabia muito bem em que função iria trabalhar e nem o que fazer para chegar ao mercado de trabalho. Sempre me dei bem com as palavras, desde o colégio, em redações, artigos para o jornalzinho da escola, diários pessoais, peças infantis e coisas afim… Na faculdade, prestei agronomia, administração e comunicações, como se vê eu era um cara bem decidido. Por sorte ou destino passei na FAAP e logo fui trabalhar em programas de rádio e tv, fazendo sempre a função de redator, roteirista… De lá fui direto para o video institucional, como assistente de direção. Como os roteiros destes videos eram bem fraqunhos, propus a produtora que iria reescrevê-los pelo mesmo valor de meu cachê original e lá fui eu fazer roteiros de companhias de seguro, hospitais, cervejarias, indústrias automobilísticas, fábricas de papel, bancos…
Daí em diante usei os institucionais como ferramentas para desenvolver linguagem e narrativa cinematográfica e não demorou muito para receber o 1.º convite para escrever para o cinema, justamente um documentário (O Velho). Resumindo, tinha 2 paixões na minha vida, literatura e cinema, e percebi que a carreira de roteirista reunia estas 2 atividades, prazerosamente… De lá pra cá não larguei mais!!!
5. Houve algum roteirista que tenha inspirado/influenciado seu trabalho?

Sempre admirei Billy Wylder, um roteirista de origem polonesa que depois fez muito sucesso em Hollywood, mas que nunca deixou de ser o mesmo profissional obcecado por boa história, não deixando-a ser sobreposta pela virtuose da mis-en-scene. Ele mesmo dizia: “Num bom filme, a história é mãe de tudo…” Para mim esse é um mandamento sagrado que todo cineasta deveria respeitar. Falando nisso, minha bíblia são os 11 mandamentos de Wylder para um bom roteiro, com pérolas de verdade absoluta que todo roteirista deveria conhecer. Adoro a obra de Wilder, não só por sua integridade e respeito à história, mas como também por seu ecletismo. Você pode pegar “O Crepúsculo dos Deuses”, “Testemunha de Defesa”, “ A Montanha dos Sete Abutres” ou “Quanto Mais Quente Melhor” e em todos eles, existe um culto à narrativa, à trama, ao roteiro bem escrito e bem descrito.

Outro cara que admiro é Jean-Claude Carrière, belga, roteirista de Buñuel, Forman, Truffaut, entre tantos outros… O que mais gosto nele é a simplicidade, a objetividade, o desapego pela grandiloquência e a opção pela narrativa direta. Seus textos são claros, fortes, pontuais… Aliás, fazendo um mea culpa, acho que nós, roteiristas brasileiros, nos deixamos levar pelo fascínio da grandiosidade e nos esquecemos de ser simples. Ser simples é muito difícil e procurar a simplicidade mais dificil ainda. Também nesta lista de ídolos não há como esquecer os nomes de diretores/roteirstas que marcaram a história do cinema mundial, como: Orson Wells, Stanley Kubrick, Phillip Kaufmann, Lawrence Kasdan, Woody Allen, Francois Truffaut, Ingmar Bergmann, Jean-Luc Godard, Federico Fellini, Akira Kurosawa, Abbas Kiarostami…
6. Na cartilha do cinema americano, costuma-se dizer que a boa história é aquela que tem começo, meio e fim. O que você diz a respeito disso?

– Como citei na resposta anterior, admiro sempre uma boa história, simples, direta, criativa, original, bem contada. Assim, sou absolutamente favorável a que ela tenha começo, meio e fim. Na verdade, chamo isso de “cinema narrativo”, onde a história, a trama, o enredo prevalece sobre todas as outras coisas. Como digo em meus cursos de roteiro, devemos primeiro construir os aliceres da casa, sua estrutura básica, chão, paredes, portas, janelas… Depois disso feito podemos incrementá-la com enfeites e penduricalhos, mas o fundamental é que ela se mantenha em pé sob qualquer intempérie. Com o roteiro é a mesma coisa, devemos antes de tudo contar uma boa história, que deve se sustentar por si só, aí sim podemos enchê-la de ousadia, subversão, experimentação…
7. Essa teoria do começo, meio e fim é bem vista no cinema brasileiro?

Sinceramente acho que existe um deslumbramento no inicio de carreira a que todos se submetem, chamo isso de ejaculação precoce de ideias, ansiedade criativa…
O cara acha que vai fazer um único grande filme na vida e tem que colocar todas suas “estupendas” ideias no primeiro filme, no primeiro roteiro. Na maioria das vezes você vê que o filme vira uma colcha de retalhos, que se perde numa parafernália de boas intenções ininteligíveis, incompreensíveis, herméticas, distantes do público médio do cinema. Para combater isso temos que ter em mente que não existe nada melhor que um filme depois do outro, um roteiro depois do outro. Nem todas as ideias “brilhantes” cabem num único filme. Precisamos ter os pés no chão, afinal somos contadores de história e estas devem ter começo, meio e fim. Para ser roteirista ou mesmo cineasta é preciso ter desapego, não só da avalanche de ideias que te seduzem num primeiro momento, mas de sua própria atitude diante do roteiro. Ele não deve ser chocado pelo autor, deve ser compartilhado, exposto às criticas e às sugestões. Cinema é uma arte de equipe e o roteirista é mais um deles. Todos sabemos que o cinema é também uma arte ególatra, onde é muito fácil ser seduzido pelo canto da sereia da vaidade pessoal, do autocentrismo.
8. O cinema brasileiro atual conta com alguns grandes sucessos de bilheteria. Há desde os dramas sociais com uma levada documental como “Tropa de Elite”, as comédias ligeiras na linha de “Se eu Fosse Você”, passando por essa recente fase do “cinema espírita” de “Chico Xavier”. O que esses roteiros apresentam de tão eficaz na medida em que agradam a tanta gente?

– Vivemos uma fase da reconquista do público brasileiro e ela está se dando através de roteiros que tem uma vertente claramente popular, sem grandes arroubos estéticos ou narrativos. São filmes com premissas claras e que, seja qual for o gênero, procura envolver o público pela emoção e pela narrativa linear. Muitos, pejorativamente e preconceituosamente, são chamados de “cinemão”, mas acho fundamental reconquistarmos o público através de filmes assim. O cinema brasileiro deve ser construído obedecendo a diversidade da formação cultural de seu povo. Ou seja, acho que devemos ter um cardápio completo com comédias populares, filmes de ação e aventura, dramas, musicais, biografias… Devemos ofertar todo tipo de gênero e o público vai se segmentado segundo seus critérios de gosto e prazer. Por isso, não sou contra o “cinemão” nem contra o filme “cabeçudo”, acho que todos devem ter espaço para serem distribuidos e exibidos. O mercado vai se regular pela seleção natural de oferta e procura. Aliás, é o que acontece no cinema mundial, da quantidade sempre tiramos a qualidade…
9. No livro “As Entrevistas da Paris Review” – a célebre revista literária -, o diretor e roteirista Billy Wilder (1906-2002) criticava a “estúpida teoria do autor”, aquela que diz que o diretor é o autor de um filme, justamente porque ele é o responsável pelo produto final que vai às telas. É isso mesmo o que acontece?

Pessoalmente e filosoficamente sou contra esta tese de um único autor do filme e por consequencia também sou contra o diretor que assina “um filme de…”. Cinema é uma arte de equipe, onde todos os departamentos criativos tem grande infuencia no resultado final de um filme, seja a arte, a fotografia, a produção… Falando nisso, 5 anos atrás fundamos a 1.ª associação exclusivamente formada por roteiristas de cinema, a AC (www.autoresdecinema.com.br) e fizemos questão que ela se denominasse “Autores de Cinema”. Somos também autores dos filmes. Posso citar alguns exemplos de diretores que tem o bom senso e o despreendimento de entender isso. Ugo Giorgetti sempre assina seus filmes com um crédito “dirigido por” ou Lina Chamie que em seu último filme, “Via Lactea”, coloca no roll final de créditos toda a equipe como co-autora do filme. Como disse anteriormente, o cinema é uma arte que envolve muita vaidade e autocentrismo, caracteristicas nada boas e adequadas para se realizar um trabalho coletivo.
10. Em algumas oportunidades você já revelou que ao entregar o roteiro de um filme, seu trabalho chegou ao fim. E portanto não acompanha as filmagens de seu próprio roteiro. Em que medida isso se torna frustrante, já que invariavelmente o diretor não irá ter a mesma sensibilidade que a sua na composição das camadas dos personagens ou mesmo na construção da história?

– Este é um assunto bastante delicado, é dificil delimitar onde acaba o trabalho do roteirista e começa o do diretor. Por isso, deve-se sempre ter desapego em relação aos roteiros. O roteiro é uma obra que se completa com o filme, mas quando chega o período de filmagem, ele deixa de existir, ele se tranforma em filme. Estas relações de autoria e poder devem ser equilibradas e equacionadas com bom senso e despreendimento. Infelizmente não é o que acontece na maioria das vezes. Pessoalmente já passei por diversas situações, diretores solicitos, abertos ao diálogo e diretores autocentrados que entendem que o trabalho do roteirista se restringe apenas à entrega do roteiro. Sem querer ser parcial, o filme só ganha com a ajuda e a participação do roteirista em todo o processo, não como um interventor, mas como um colaborador. Quando o roteiro se transforma em filme, tanto ele pode ser destruído completamente, como melhorado, aperfeiçoado. São muitas variáveis, que vão desde a competência e o talento do diretor à situações impalpáveis e intangíveis da produção de um filme. Não estou propondo a ditadura do roteirsta, mas a possibilidade deste ser ouvido e levado em conta durante todo o processo criativo.
11. Como é seu trabalho de preparação e pesquisa quando vai começar a escrever um roteiro?

Pouca gente se dá conta da importância da pesquisa para o desenvolvimento de um bom roteiro. Sou francamente favorável a um extenso trabalho de pesquisa e para isso dedico muito tempo de meu trabalho. Quando começo um projeto separo 2 meses apenas para a pesquisa, seja ela literária (livros, jornais, revistas, documentos…), iconográfica (fotografias, filmes, pinturas…) ou de campo (entrevistas, depoimentos, visitas a locações…). Toda pesquisa bem feita dá credibilidade ao roteiro. Olhar no olho do entrevistado e ouvir suas histórias te dá subsídios para uma boa construção de personagens. Caminhar e conhecer uma locação, onde possivelmente se passa sua história, ajuda a te deixar a vontade para que suas acões no roteiro trascorram suavemente. Comparo a pesquisa de um roteiro a um jogo de xadrez. Construir sua história e personagens é como se preparar para jogar xadrez, você precisa conhecer sua locação, seu tabuleiro e também precisa conhecer seus personagens, suas peças. Você tem que saber como elas são, como agem, como se movimentam, do que são capazes. Em várias ocasiões, alterei o argumento original do filme em função do que encontrei e descobri na pesquisa. A realidade sempre dá um banho na ficção. O roteiro fica mais crível se for baseado, lastreado numa pesquisa bem feita.
12. Quais as principais diferenças no seu olhar, tanto do ponto de vista técnico quanto pessoal, quando comparamos “Latitude Zero” e “No Olho da Rua” (são dez anos de diferença entre eles…)?

– Difícil comparar dois filmes como estes, independente da época em que foram escritos e realizados. O 1.º foi uma adaptação de uma peça teatral do Fernando Bonassi, ou seja, um roteiro adaptado, meu 1.º roteiro de ficção de longa-metragem. O 2.º foi um trabalho complementar, em cima de uma proposta já existente do diretor no qual entrei para dar uma aperfeiçoada, mas sem alterar o argumento original.
Os temas podem parecer semelhantes, situações extremas, onde o individuo, o personagem, é colocado à prova diante de desafios externos (sobrevivência) e internos (depressão, solidão, angústia). Mas, fora isso, não vejo muito mais semelhanças entre estes dois filmes, os processos criativos foram diferentes, inclusive no tempo de dedicação à pesquisa e ao roteiro. No 1.º, foram quase 10 meses de trabalho, com mais de 9 tratamentos de roteiro. No 2.º, trabalhei em cima de uma versão do roteiro já existente e fiz apenas 2 tratamentos antes das filmagens. Sei que neste período de 10 anos escrevi muitos outros filmes, de gêneros e intenções diferentes e amadureci como roteirista, não só como contador de histórias, mas como profissional da área.
13. Aliás, em alguma medida, boa parte dos seus filmes discorrem sobre personagens densos que enfrentam barreiras na convivência, relacionamento ou até mesmo o desmoronamento da estrutura familiar. É esse o universo que mais lhe atrai?

– Adoro escrever sobre seres humanos defeituosos, caóticos, imperfeitos…
Na verdade, o que me seduz no cinema, mesmo nestes dois filmes eminentemente desportivos (“23 anos em 7 segundos” e “4 X Timão”) foi poder falar da humanidade dos jogadores, independente de suas participações nas campanhas vitoriosas do time. Sempre busco “humanidade”, nos personagens ou nas tramas que escrevo. Existe uma atração que prende o espectador ao filme de maneira definitiva e ela se dá por identificação ou projeção. O público se prende à trama e aos personagens por se identificar com eles ou por se projetar neles. Minha carreira começou com um drama visceral, “Latitude Zero”, e como ele ganhou destaque, indo até o Festival de Berlim, depois disso todos os produtores ou diretores que me procuravam para trabalhar traziam-me ofertas de dramas pesados, similares ao “Latitude”. Aqui é bom esclarecer que 99% dos filmes que os roteiristas escrevem são de “encomenda”, ou seja, um tema ou uma história desenvolvida a partir de uma ideia ou de uma intenção de terceiros, seja diretor ou produtor. Adoraria escrever uma comédia, mas nunca me foi dada esta oportunidade. Tenho um roteiro premiado no 1.º pitching da GloboFilmes, que se chama “O Pai da Rita”, uma comédia musical que se passa no Bexiga, em São Paulo, mas que ainda infelizmente não foi produzido, quem sabe com este filme não quebro este estigma de que só trabalho com dramas fortes e pesados.

14. Além de escrever, você também é professor em cursos de roteiro. Deixe um recado para os leitores do e-Pipoca, sobretudo aqueles que desejam um dia se tornar roteiristas.

– Eu diria que o caminho não é fácil, mas é absolutamente prazeroso…
Eu sou totalmente anti-acadêmico neste sentido, acho que a formação de um roteirsta se dá na prática e pouco na teoria. Claro, o profissional deve ter uma base literária completa, deve conhecer as grandes obras da literatura mundial, deve ler muito, aliás o ato da leitura melhora em muito o ato da escrita. O exercício de escrever também só se aprefeiçoa, só melhora, com a insistente prática. Não é por outra razão que o último mandamento de Billy Wylder apenas diz ao roteirista iniciante: “É isso, não vagabundeie…”, ou seja, escreva, escreva, escreva…
O ato da escrita é sempre de tentativa e erro, de persistência, de labuta sem fim…
Um dia, numa palestra, uma jovem jornalista deslumbrada com o depoimento do grande escritor carioca Zuenir Ventura, chegou para ele e sem palvras só repetia: ”Deve ser tão bom escrever, né Zuenir?” Ele, com jeito e sem querer decepcioná-la, respondeu:”Minha querida, melhor que escrever é ter escrito”, ou seja, o caminho é árduo, mas vale a pena. Outra coisa, as pessoas confundem o ato de escrever com uma benção, um dom, uma dádiva, onde os escritores“recebem”do éter sua inspiração… Para isso, o escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo tem uma boa resposta: “Inspiração é composta por 90% de transpiração e 10% de desodorante!”. Escrever é pesquisar, é insistir, é persuadir, é não desistir, é perseverar, é escolher,
é reiterar, é recomeçar… A recompensa final é você ver seu roteiro tomar forma, ganhar corpo, seus persongens ganharem vida própria e tudo isso junto emocionar, sensibilizar, comover as pessoas que foram ver seu filme, foram conhecer sua história!